Dúvidas sobre HEMORROIDAS?
O que são hemorroidas?
Hemorroida é nome dado à saliência do canal anal onde se concentram veias da região anorretal. Todos nascemos com essas estruturas, no entanto, algumas pessoas, por vários fatores, desencadeiam e passam a ser portadoras da DOENÇA HEMORROIDÁRIA.
Como sei se tenho hemorroidas?
Cerca de metade das pessoas portadoras têm a forma assintomática (sem sintomas) ou oligossintomática (poucos sintomas) e uma “consulta preventiva” poderia evitar procedimentos cirúrgicos no futuro. Por isso a consulta com o COLOPROCTOLOGISTA anualmente é importante!
Entre os pacientes que têm a doença, dividimos em dois grandes grupos: os que têm a forma aguda (crise hemorroidária) e aqueles com a forma crônica, que pode ter seus momentos de agudização.
Nesses casos a queixa principal seria a DOR anal, mas SANGRAMENTO, saliência anal (“CAROÇOS” na região anal), PROLAPSO, medo de evacuar e sensação de evacuação incompleta (TENESMO) podem estar presentes associados ou isoladamente.
Eu consigo enxergar a hemorroida?
Temos três tipos básicos de hemorroidas: as internas, as externas e as mistas. Essas ainda se graduam de acordo com a sua gravidade.
Portanto, uma hemorroida externa é visível, assim como as mistas, contudo hemorroidas internas nem sempre são identificadas por um não especialista. Dessa forma, não é recomendado empurrar as hemorroidas com o dedo, exceto após uma avaliação e orientação do COLOPROCTOLOGISTA.
Meu sangramento anal é da hemorroida?
O sangramento anal é um sinal de ALARME e deve ser investigado pelo especialista. Nem todo sangramento anal tem a doença hemorroidária como responsável. Assim, ao primeiro sinal de sangramento ao evacuar, ou presa às fezes ou durante a higiene ou mesmo fora das evacuações, deve-se procurar o Coloproctologista.
É normal ter hemorroidas?
Sim, como vimos todos nascemos com esta estrutura, mas é realmente comum a Doença Hemorroidária. A NIDDK (National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases) estima que 70% da população mundial tem, teve ou terá a doença hemorroidária ao longo da vida.
Desses 70% apenas 30% apresentarão a forma crônica e 10% terão indicação de tratamento cirúrgico.
É comum na gravidez?
Isso é uma verdade, durante a gestação ocorre o que chamamos de hipervolemia e com isso dilatação de veias em geral, além disso o crescimento do feto e aumento do útero, fazem aumentar a pressão sobre o reto, o que dificulta o retorno do sangue das veias retais ao coração.
Por consequência, o sangue passa lentificado naqueles vasos dilatados e tortuosos predispondo à dilatação dos mamilos hemorroidários e coagulação do sangue, podendo gerar a TROMBOSE HEMORROIDÁRIA.
O que pode causar essa doença?
Podemos dizer que a doença hemorroidária é MULTIFATORIAL, não conseguimos definir o motivo exato, mas sim uma confluência desses fatores.
De maneira didática podemos dividir em dois grandes grupos, os fatores modificáveis e os não modificáveis.
Entre os não modificáveis teríamos a hereditariedade, idade, doenças vasculares refratárias, anomalias congênitas entre outros, já os modificáveis são os velhos estigmas de uma boa qualidade vida. Ou seja, evitar obesidade e sedentarismo, excluir o tabagismo, manter dieta rica em fibras, uma boa ingesta hídrica, evitar alimentos processados e condimentados, corrigir distúrbios evacuatórios (constipação e diarreia), uma adequada higiene anal.
Qual o melhor tratamento?
Na maioria dos pacientes o tratamento clínico, com medicações orais, tópicas e mudança de estilo de vida será o suficiente. Naqueles 10% em que as crises ficaram próximas, ou mais sintomáticas, ou se tornaram refratárias (não respondem ao tratamento medicamentoso) devemos intervir com procedimentos.
Quando preciso, temos na atualidade um grande arsenal de técnicas cirúrgicas invasivas ou minimamente invasivas. A escolha deve ser discutida amplamente com o paciente e familiares, após um exame físico realizado pelo COLOPROCTOLOGISTA.
Em alguns casos, pode-se lançar mão da LIGADURA ELÁSTICA, procedimento INDOLOR, realizado no próprio consultório, onde se coloca anéis de borracha ao redor dos mamilos hemorroidários, que “caem” espontaneamente entre o 3ᵒ e 7ᵒ dias pós procedimento.
E a cirurgia, existe algo mais moderno?
O grande salto para o tratamento da doença veio em 1937 quando MILLIGAN e MORGAN desenvolveram, na Inglaterra, a técnica de HEMORROIDECTOMIA ABERTA. A técnica sofreu modificações e é amplamente utilizada até hoje. Em 1959, FERGUSSON lança a técnica FECHADA, também francamente usada atualmente. A evolução passa por técnicas semifechadas, com OBANDO e mais tarde, com maior entendimento da patogênese da doença, desenvolveu-se a anopexia mecânica por grampeador, que hoje chamamos de PPH (PROCEDURE FOR PROLAPSE AND HEMORRHOIDS) e por fim a técnica de DESARTERIALIZAÇÃO HEMORROIDÁRIA, o THD (TRANSANAL HEMORRHOIDAL DEARTERIALIZATION), guiada por Doppler. Essa última representa o que há de mais moderno.
Embora a corrida para a melhor técnica cirúrgica para esta doença esteja longe de acabar, entendemos que a escolha da ESTRATÉGIA CIRÚRGICA deva se basear nas concepções modernas de “cirurgia sob medida”, ou seja individualizar cada caso, ou até mesmo associação de técnicas em cada mamilo hemorroidário.
Tem alguma que não dói após a cirurgia?
Essa é a questão que todos se preocupam e com toda a razão, afinal existem, na internet, inúmeros relatos escandalosos. Fato é que a região anal é uma zona muito inervada e tendo em vista que a intensidade da dor leva em conta aspectos subjetivos, ou seja, cada indivíduo tolera um limiar de dor, não há técnica sem dor.
A literatura nos orienta o que parece menores taxas ou até menor intensidade nas técnicas THD e PPH.
Contudo, a preocupação sobre a dor pós-operatória, não é o que se deve guiar para a escolha da estratégia cirúrgica, e sim a disposição anatômica dos mamilos hemorroidários, presença ou não componente externo exuberante, prolapso mucoso associado, presença ou não da trombose hemorroidária e da expertise do COLOPROCTOLOGISTA.
E o laser?
A literatura médica nos coloca esta técnica como factível, no entanto devido ao percentual de falhas de tratamento, se juntam à escleroterapia como tratamentos alternativos DISCUTÍVEIS a poucos casos elegíveis.





